Este livro do Júlio Magalhães marcou-me particularmente, e é fácil explicar porquê. Quando ele foi lançado decidi de imediato que ia comprá-lo, mas ainda demorou algum tempo a tê-lo em casa. Li-o em três tempos. É uma história real sobre um português que um dia emigrou para França. Relata o quotidiano dos portugueses que partiram em busca de uma vida melhor, sonhando um dia regressar ricos à terra que os viu partir pobres. E como eu também sou uma emigrante revi-me em algumas coisas, e em muitas delas a lágrima da saudade veio-me à cara. Ele, o Joaquim, moveu-se na década 60 do século passado, por vontade própria. Eu vim apenas nos anos 90, e como ainda era uma menor não tinha voto na matéria, obrigaram-me a vir para a Suíça.
O livro promete uma viagem a um dos tempos mais árduos em Portugal, dá a conhecer as razões que leva alguém a sair da sua terra para o desconhecido, em busca de uma outra qualidade de vida, e lutar para ter melhores condições. O percurso de Joaquim até chegar ao local de habitação do seu tio, no chamado Bidonville, não foi nada fácil. Foi um caminho longo, duro e com percalços. O sítio onde todos lhe garantiam que podia enriquecer e concretizar os seus sonhos era um bairro de lata. Vivia numa barraca miserável, assim com os outros tantos portugueses daquele local. Aquele bairro respirava como se fosse uma típica aldeia portuguesa. Joaquim não baixou os braços e batalhou, esforçou-se, e conseguiu ultrapassar todas as guerras. Conseguiu vencer e mostrar que os portugueses emigrantes são muito mais do que empregados da construcção civil. O povo português não é rude, são gente trabalhadora, honesta, persistente e civilizada.
Uma citação da leitura:
"Para Joaquim, Portugal estava longe. Era ali, em França, na terra que lhe dava de comer, que queria vingar, que prometia, à força do seu trabalho, derrubar fronteiras e preconceitos. O plano estava traçado. Iria abrir uma empresa de construção com o seu amigo Albano, enriquecer e, depois de ter casa montada com carro estacionado à porta, iria pedir a mão da sua Françoise, a professora de Francês que lhe abriu o mundo das letras e do amor."
"Para Joaquim, Portugal estava longe. Era ali, em França, na terra que lhe dava de comer, que queria vingar, que prometia, à força do seu trabalho, derrubar fronteiras e preconceitos. O plano estava traçado. Iria abrir uma empresa de construção com o seu amigo Albano, enriquecer e, depois de ter casa montada com carro estacionado à porta, iria pedir a mão da sua Françoise, a professora de Francês que lhe abriu o mundo das letras e do amor."
7 comentários:
Não conhecia, fiquei curiosa!!!
Olha sabes o que vou fazer no meu dia de celebração de 4 anos de casamento??? Ver o filme dos Três Mosqueteiros... decidiu aqui o gajo hoje!
Vim ao mundo para sofrer.
heheheh
Fiquei curiosa, deve ser muito interessante :)
Já lhe peguei algumas vezes e nunca o trouxe para casa, mas agora fiquei cheia de vontade de o ler.
Olha lá, qual é o livro que estás a ler agora? Eu só consigo ver a capa, ali na barra lateral, e fiquei bastante curiosa, mas não consigo ler o título nem nada.
Eu adorei esse livro, também me tocou particularmente a história! :)
Gabriela @ O teu gajo sabe escolher. Ahahah :D
Phil @ O facto de se ficar a saber da dureza com que os portugueses viviam naqueles tempos, os caminhos que percorreram em alto risco até França, as dificuldades que tiveram para se habituarem a novas realildades é bastante interessante.
Lacorrilha @ Da próxima vez que pegares nele não hesites em levá-lo para casa. :D O livro que estou a ler neste momento chama-se "Divorciada aos 10 anos", é a história verdadeira de Nojoud Ali, que resolveu publicar com a ajuda de Delphine Minoui.
Martinha @ Ainda bem que não foi só a mim. :)
o joaquim e a francoise acabam juntos? agradecia resposta
Anónimo @ Eles ganham todas as batalhas, ficam juntos, têm filhos, e por vontade da Françoise regressam a Portugal.
Enviar um comentário