Noite significativa em Braga

Eu sabia que o jogo de ontem, da segunda mão dos 8-avos-de-final da UEFA, ia ser tudo menos fácil, mas qual o meu espanto quando vejo a minha equipa a mostrar aos franceses como realmente se pratica bom futebol? Desde o apito inicial até ao último segundo que o Sp. de Braga acreditou e mostrou a todo o mundo que queria vencer (uns verdadeiros Gverreiros), passar a eliminatória, fazer história e tornar-se no sétimo clube português a entrar nos quartos-de-final da Taça europeia, o que não foi possível porque Hoarau entrou a dez minutos do fim e marcou de cabeça num lance em que Eduardo, o próximo número 1 a vestir a camisola das Kinas, falhou no salto depois de um livre marcado por Ceará. Segue assim, injustamente, o Paris Saint-Germain. É triste mas é a pura realidade e, o futebol tem mesmo destas coisas. Às vezes vencem aqueles que nada demonstram dentro das quatro linhas, ou seja, os mais fracos. Apesar da derrota, os bracarenses têm mais que motivos para estarem de sorrisos nos lábios. O apoio, que esta época é frequentemente questionado pelas fracas assistências nos estádios, esteve ao rubro na Pedreira! Até os comentadores da SIC referiram que o público era o 12° jogador da equipa da casa. Divulgaram 16'371 adeptos presentes no AXA, mas estiveram muitas mais pessoas naquele recinto, é que há muita gente que entra sem passarem os bilhetes nos torniquetes e, por aquilo que vi das imagens que a TV filmou (já agora um obrigada por terem mostrado um tio meu!) asseguro-me em dizer que estavam no mínimo uns 20mil. Por vezes a quantidade não é sinónimo de qualidade, mas ontem foi um dia diferente que dificilmente será esquecido por todos os cidadãos da cidade romana Bracara Avgvsta. Viveu-se um dia de grande e natural braguismo. Não houve qualquer conflito clubístico, todos estavam lá a torcer pelo mágico SCB e a prova disso foi a longa salva de palmas do público em pé no final do jogo pelo esforço dos jogadores em quererem escrever mais uma bela página no livro do historial bracarense. E por bem dizer, fizeram! Durante o intervalo foi entregue o troféu da Taça Intertoto ao capitão Vadinho pelas mãos de Gilberto Madaíl. O valor foi reconhecido, o mérito foi todo dos puplios de Jorge Jesus e António Salvador. Ouvia-se também a gritarem "até morrer Braga allez". Foi um momento inédito em território português, foi arrepiante e completamente emocionante. A minha alma ficou arrepiada com aquilo que ouvi e vi naqueles instantes que as lágrimas começaram-me a cair pelo rosto. Não de desilusão, mas sim de uma tremenda emoção. Perdemos a passagem à fase seguinte, é verdade, mas ganhámos muito mais que isso. Ganhámos união, energia, paixão e confiança em relação ao futuro. Por tudo isto quero agradecer ao Sporting Clube de Braga por toda esta caminhada espectacular que nos ofereceu durante estes meses e meses pela Europa fora. Fizeram-nos acreditar, e o sonho estava definitivamente ao nosso alcance. Saímos de cabeça erguida, cumprimos como clube, honrámos a cidade e o país, inclusive demos pontos a Portugal para o ranking mundial da FIFA. O nome do clube jamais será anónimo além fronteiras depois de três presenças consecutivas nesta competição. Um grande OBRIGADA por este orgulho que me dão cada dia que passa.