O livro: Eu FUI. @ Parte 6

O livro, o meu texto! @ 24/05/2012

"Mal saíram as primeiras notícias sobre a 3ª edição do Rock in Rio na capital lusitana, numa conversa com uns amigos suíços, ficou logo tomada a decisão de embarcar na aventura! Comprei os bilhetes, voamos de Zurique e estivemos um fim-de-semana prolongado em Lisboa. Lá, a Lucy juntou-se a nós e fomos ansiosos de sorrisos rasgados até à Bela Vista. Dia de abertura, 30 de Maio 2008. Chega o momento da espera, das filas. Feita a revista deram-nos luz verde. Entrámos aos pulos de alegria. Estávamos dentro daquele Mundo diferente. Estreia! Não dá para descrever a emoção sentida ao concretizar o sonho de pisar aquele chão. No fundo ouvia-se a voz de Paulo Gonzo. Guiamo-nos pelo som para nos aproximarmo-nos o mais possível. Passámos por uns arvoredos e ficámos mesmo ali, na parte lateral. Tínhamos a vista para o palco completamente desafogada. Com a euforia não tínhamos noção se o mestre em blues estava a começar ou a acabar o reportório. Não demorou muito e interpretou "sei de ti mais do que queria, numa palavra diria, sei-te de cor". A melodia admirável que a Lucy e eu desejávamos ouvir. Irradiámos de felicidade! Mais tarde, no decorrer do furacão Ivete Sangalo, numa das olhadelas para os lados o meu coração parou. Pareceu-me ver ao longe, em fila indiana, o alma gémea. Naquele instante senti os nossos olhares cruzarem-se. Ele continuou o caminho, deixei de o ver. Será que foi  uma intuição, uma visão? No meu pensamento pairava; se ele viesse dizia-me! Contei o sucedido à Lucy e ela achou que eu estava a alucinar. Durante a espera pela eterna Amy Winehouse muita gente passou por nós. Foi um constante vai e vem. Numa de descontração virei-me. Quem é que eu tinha à minha frente? Ele! O alma gémea, um rapaz que eu conheci no Mundo virtual. Devido a estar emigrada na Suíça nunca foi possível encontrarmo-nos. Ele estava ali, precisamente na fila detrás de mim. Quando os meus olhos se encaixaram nos dele, ele sorriu para mim. Bastou para ter a certeza que era ele. Fiquei encavacada. Retribui-lhe o sorriso e voltei à minha posição. Fiquei uns segundos imóvel. Uma sensação indescritível. Como é possível entre 90 mil pessoas, sem qualquer combinação, ele ter caído ali de paraquedas? Pela primeira vez nos vimos de carne e osso. Murmurei o que tinha acabado de ver à Lucy que ficou estupefacta: O Mundo é pequeno! Não interagimos, cada um deu atenção aos seus amigos. Foi de ficar sem respiração sobretudo quando Lenny Kravitz de forma robusta e emotiva cantou "then you will find, what you've always known". Tanto tempo esperei por um encontro que aquele momento acabou por ser mágico. No fim do último tema, não quisemos desperdiçar a ocasião sabendo que iríamos seguir caminhos diversos. Despedimo-nos com breves palavras, um toque sentido e um coração quente como o fogo. Levámos connosco a certeza de continuarmos a ser o que éramos um para o outro: almas gémeas. Estive no sítio certo à hora certa!"